5.12.11

A necessidade de deslulização do governo Dilma




Neste domingo, o ministro do Trabalho e presidente licenciado do PDT, Carlos Lupi, pediu demissão do cargo após ser denunciado por corrupção e declarar que só sairia abatido a bala. Com isso, já são seis os ministros oriundos do governo Lula que tiveram que sair de seus cargos por motivos nada nobres (ainda teve um sétimo, o ministro da Defesa Nelson Jobim, que se retirou após declarações polêmicas à imprensa). Mais uma prova de fogo para a presidente Dilma Rousseff, que conviveu durante esses primeiros onze meses de governo com um ministério quase todo do governo anterior, o de Lula (2003-2011).


É a grande oportunidade que Dilma tem para mostrar que pode decidir os rumos do país por conta própria. Porém, a relutância da própria presidente em demitir Lupi, depois que isto foi recomendado pela Comissão de Ética (não se sabe se por pura convicção ou por medo de possíveis consequências), nos faz pensar se isso será possível. Isso tudo passa a impressão de que o atual governo depende de denúncias graves veiculadas pela imprensa para decidir se pune ou não os acusados de impor "malfeitos" à sociedade.


Essa situação mostra a necessidade de maior autonomia de Dilma em relação ao ex-presidente, que tem fatos mais urgentes com o que se preocupar. A atual presidente mostra mais fibra do que Lula em momentos distintos, sendo uma grata surpresa em vários aspectos. Mas o grande temor é que isso ainda não seja suficiente para governar o país, tanto que o fisiologismo político permanece, distribuindo cargos de acordo com os interesses partidários, não através da competência que cada ministério exige (o caso do Ministério do Esporte, em que Orlando Silva foi substituído por seu correligionário Aldo Rebelo, é um exemplo claro).


É preciso ter jogo de cintura para conduzir um mandato, e Dilma passa a impressão de ainda estar aprendendo a fazer isso, como se fosse um piloto inexperiente que ganhou um brevê do piloto anterior, mantém a mesma tripulação de qualidade duvidosa e vive trocando de copiloto em pleno voo. Espera-se, ao menos, que o copiloto da vez seja competente e suplante a inexperiência do piloto, ou teremos que depender do piloto automático até o fim.

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