27.5.11

A vergonha da Operação Abafa pró-Palocci



Face às graves denúncias ao ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, de enriquecimento ilícito por meio de sua empresa de consultoria, o governo federal deveria dar ao menos uma explicação convincente e afastar o ministro enquanto investigações fossem feitas. Mas o próprio governo parece zombar dessa possibilidade e nada acontece, enquanto a sensação de impunidade toma conta.


Reduzir as denúncias a choradeira de oposição (como se ela fosse ao menos ativa, o que está muito longe de acontecer nos dias de hoje) não ajuda o governo a limpar seu nome perante a sociedade. O pior é que isso ainda dá margem a tentações totalitárias como a frase do líder governista na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), de que o Congresso corre riscos toda vez que o governo é derrotado, durante a votação do Código Florestal.


Aliás, é impressionante como qualquer coisa é útil ao governo para desviar a atenção das denúncias sobre Palocci, ocupante de um cargo ultimamente conhecido por ter sido ocupado por pessoas de alta suspeição, como José Dirceu e Erenice Guerra - que sucedeu a atual presidente da República, Dilma Rousseff. O veto de Dilma ao chamado Kit Anti-Homofobia, por exemplo. Pelo conteúdo, já se imaginava que seria um trololó bem com a cara desses tempos tão politicamente corretos - o respeito à diversidade sexual deve partir das pessoas e das famílias, não do Estado, que tem outras prioridades. Portanto, a minha opinião é de que a presidente fez bem em vetar, ainda que pressionada por grupos religiosos. O problema é que ela, espertamente e de maneira bem política, usou esse fato para cobrir o caso Palocci, juntamente com o Código Florestal. Ainda por cima, lamentavelmente, a imprensa acabou embarcando nessa onda.

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