19.10.10

Guerra de titãs... desdentados

O segundo turno das eleições presidenciais, levando-se em consideração a campanha dos candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), em que um tenta desconstruir (senão destruir) a candidatura do outro, faz lembrar as hostilidades da campanha entre Collor e Lula, em 1989. Vinte e um anos atrás, ao menos havia o pretexto de que era a primeira eleição presidencial direta depois de quase três décadas. Mas agora, a troca de farpas entre os dois finalistas já começa a beirar o ridículo.

Ignorando o princípio da laicidade do Estado brasileiro, os candidatos parecem apelar a Deus para se eleger presidente do Brasil. Parece uma competição de qual candidato consegue atrair mais fiéis das mais diferentes religiões. A questão do aborto, explorada mais do que deveria, é apenas uma das desculpas que os candidatos usam para ataques pessoais. Enquanto isso, questões importantes como desenvolvimento sustentável, direitos das minorias e o tamanho da influência estatal sobre a vida da população ficam de lado.

Mas tem mais. Como o previsto, esta eleição virou um duelo de legados políticos. Pouco importa que qual presidente teve mais importância para o país, Fernando Henrique ou Lula. Seus governos se equivalem, um complementa o outro. Não há diferenças: no curto e subestimado governo de Itamar Franco (1992-1995), recentemente eleito senador (PPS-MG), começaram a ser construídos os alicerces do país que conhecemos hoje. FHC (1995-2003) e Lula (desde 2003) completaram esse destino, cada um a sua maneira. Mas o Brasil é assim: cada um quer o seu e o resto que se dane.

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