13.1.10

BOLIVARIANISMO GALOPANTE



Tá, eu sei que o assunto do momento é o trágico terremoto que atingiu o Haiti, que pode ter sido responsável por centenas de milhares de mortes - entre elas, a da fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns. Mas não posso ficar indiferente à mais nova patacoada do governo federal, cada vez mais alinhado com que há de pior e mais populista na América Latina. Depois do desastroso desempenho da diplomacia brasileira desde a chegada de Lula e aliados ao poder, agora vem a tal Comissão da Verdade, que mais parece saído da obra literária 1984, de George Orwell - tanto no nome quanto nas intenções bem seletivas, se me entendem.

A tal Comissão tem a intenção de "examinar a violação de direitos humanos" durante a vigência do regime militar (1964-1985), mas apenas referindo-se a membros dos governos de então que praticavam torturas e outros crimes para obter informações a respeito dos que combatiam a ditadura. Seria justo se, do outro lado, também não houvesse os que, no auge da Guerra Fria, queriam derrubar um regime direitista para colocar no lugar uma ditadura de esquerda (eu já tinha escrito sobre esse assunto aqui). Mas justiça plena não é a especialidade do atual governo, como deu pra perceber...

Não por acaso, a polêmica causou um racha entre governistas e militares. Na virada do ano, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e os chefes militares chegaram a apresentar carta de demissão ao presidente Lula, mas depois mudaram de ideia - com restrições. Levando-se em consideração que vários dos integrantes do atual governo fizeram parte de organizações terroristas (como o próprio ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, foto acima; a ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff; o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins; e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc), porém, a tensão entre as partes tem tudo para continuar.

Quando do pedido de extradição do terrorista italiano Cesare Battisti, o ministro da Justiça, Tarso Genro, declarou que havia um "fascismo galopante" na Itália, o que justificaria uma recusa pelo governo brasileiro em atender esse pedido. Mais fácil é declarar que, agora, há um bolivarianismo galopante em curso no Brasil, aproveitando a onda populista que ora varre a América Latina. Quem perde com isso, obviamente, é a nossa democracia.

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