4.8.09

VINTE ANOS DEPOIS, ESTÁ TUDO MUITO MUDADO... OU NÃO



Quem viu a discussão, na volta dos senadores de seu recesso, em que Pedro Simon (PMDB-RS), mais uma vez, defendeu a renúncia de José Sarney da presidência do Senado e foi intimidado pelos colegas alagoanos Renan Calheiros (PMDB) e Fernando Collor (PTB), passou a ter certeza de uma coisa: ser político exige volubilidade absoluta. Principalmente no Brasil.

Senão, vejamos: em 1989, durante a campanha presidencial, os então candidatos Collor (na época, do extinto PRN) e Lula fizeram alguns dos maiores duelos verbais da História do Brasil, com direito a quedas de nível e ataques pessoais abaixo da linha da cintura. Nos comícios, no horário eleitoral do rádio e da TV e nos debates, ofendiam um ao outro e também execravam o então presidente da República, José Sarney - cujo governo estava em níveis subterrâneos de popularidade. Duas décadas depois, com Lula na presidência da República, Sarney na presidência do Senado e Collor também como senador (voltando a ocupar um cargo eletivo depois de ter sofrido um impeachment em 1992, devido a acusações de corrupção em pleno exercício presidencial, e ficado oito anos sem poder se candidatar a nada), todos estão do mesmo lado. Pena que não seja em prol do eleitorado, mas de seus próprios interesses políticos.

Sarney (em quem a grande maioria da população brasileira nunca confiou muito; apenas vários maranhenses e amapaenses parecem acreditar nele - aliás, já notaram isso? Tanto que ele chegou à presidência da República como vice de Tancredo Neves...) é investigado por nepotismo; Lula diz que ele não é uma pessoa comum e defende-o com unhas e dentes, talvez com medo de ver seu governo desmoronar moralmente se Sarney sair; Collor (logo ele, ou melhor, elle), o presidente mais midiático de todos os tempos até a posse de Lula, acusa a imprensa de tentar desestabilizar a permanência de... Sarney na presidência do Senado! Olha, acho que pra ser político no Brasil tem que, acima de tudo, ter várias caras. A coerência parece não ser lá o forte dos nossos "donos do poder".

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