18.6.09

JORNALISMO É PARA QUEM SABE, MESMO QUE NÃO TENHA DIPLOMA


O Supremo Tribunal Federal derrubou nesta quarta-feira a obrigação de diploma para exercer a profissão de jornalista, que perdurava há quatro décadas, desde a época do regime militar - como era a Lei de Imprensa, revogada pelo mesmo STF em abril. Isso é encarado por muitos como uma espécie de banalização da profissão de jornalista, tão atacada (muitas vezes, sem motivo algum) nos dias de hoje. Não vejo desta forma: vejo, sim, como uma oportunidade de maior seletividade para a profissão, ainda mais nos tempos de hoje, em que a Internet se consolida como um meio de comunicação cada vez mais popular. Assim, os melhores se destacam e obtêm experiência e, acima de tudo, credibilidade. Há muitos exemplos assim na coluna que você pode ver à esquerda desta página.

O duro de aturar é a choradeira dos que se sentem atingidos pela decisão da instância máxima do Judiciário brasileiro. O que anda se lendo de barbaridade pela Internet não é brincadeira: há até mesmo quem ameace entrar na Justiça para pedir indenização pelos anos de faculdade estudados. Ora, a entrada na faculdade, teoricamente, é para aprender os princípios básicos do jornalismo que o pretendente não tenha aprendido através do bom senso, que todo jornalista deve seguir. O problema é que vários aprendem de forma errada e, mesmo assim, ganham o diploma e se dão o direito de serem chamados de "jornalistas" - assim mesmo, com aspas. Nossas redações estão cheias de exemplos assim.

Para ter sucesso em qualquer profissão, é necessário ser competente, acima de tudo. O blogueiro Raphael Perret, jornalista de formação, foi no ponto sobre esse assunto: nem o jornalismo será invadido por aventureiros que mal sabem escrever em português nem ele será definitivamente salvo por textos revolucionários e que mudem o planeta de uma hora pra outra. Nossos órgãos de comunicação não são loucos de baixarem o nível de suas divisões de jornalismo por bobagens. O jornalismo é muito mais que escrever bons textos: é, acima de tudo, para quem sabe fazê-lo - ainda que não seja formado em Jornalismo.

2 comentários:

patricia m. disse...

Muito bom seu texto, por sinal.

Toda essa discussao lembrou-me os bons e velhos tempos logo depois de formada, quando apliquei para trabalhar na Gazeta Mercantil como trainee. A Gazeta so aceitava engenheiros e economistas - jornalista tem aula de matematica?

Fui no processo ate o final, e quando finalmente me ofertaram a vaga recusei - o salario era muito baixo. Enfim...

João Batista disse...

É uma pena que todo esse bafafá não tenha trazido à tona, afinal, o currículo das faculdades de jornalismo e o perfil dos professores. Quantos acreditam em fatos e realidade objetiva?