13.6.09

ELEIÇÃO NO IRÃ: QUAL A SURPRESA? QUAL SERIA A MUDANÇA?



As eleições presidenciais iranianas, para o Ocidente, representavam uma expectativa de mudança de relacionamento com a República Islâmica. Afinal, o Irã mantém um programa nuclear que jura servir para fins pacíficos. Mas as bombásticas declarações do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que nega o Holocausto e conclama à destruição de Israel, contrariam as opiniões iranianas aos olhos do mundo, com razão.


Nesta semana, as eleições presidenciais do país foram realizadas. Ahmadinejad tentava a reeleição, mas teria que enfrentar um forte candidato de oposição, o ex-primeiro-ministro Mir-Hossein Moussavi. Seu programa mobilizou grande parte do eleitorado, principalmente na capital Teerã, numa movimentação intermídias semelhante às das candidaturas de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos e de Fernando Gabeira à prefeitura do Rio de Janeiro, no ano passado. Mas Moussavi teria que enfrentar o mesmo problema do candidato verde na eleição carioca: a parte apta a votar que é chegada num populismo - percebam que isso não é exclusividade do Brasil, muito pelo contrário. Isso pode ter sido decisivo para a reeleição de Ahmadinejad...


Eu disse "pode ter sido" porque há fortes indícios de fraude nas eleições iranianas. Não duvido nada que tenha acontecido, pois o atual presidente foi reeleito, em primeiro turno, com cerca de 62% dos votos. Uma votação expressiva, dada a mobilização em torno do oposicionista Moussavi. Pessoalmente, acho até mais provável que uma fraude tenha ocorrido, pois os aiatolás jamais permitiriam mudanças no statu quo da Revolução Islâmica. Oito anos (1997-2005) de governo de Mohammad Khatami, o menos conservador dos presidentes iranianos desde 1979, já foram demais para eles.


Além disso, não haveria mudanças significativas caso Moussavi fosse eleito. No Irã, o presidente é mera figura decorativa perto de quem realmente manda - o líder supremo Ali Khamenei, substituto de Ruhollah Khomeini, falecido em 1989. O líder máximo dos aiatolás e do país como um todo é considerado o verdadeiro governante dos iranianos, não importa quem seja o presidente. É ele quem sustenta o regime imposto pela Revolução Islâmica de 1979, além das provocações à civilização ocidental. Ou seja, passa pelo líder supremo tudo que diga respeito ao regime do país - inclusive o suspeitíssimo programa nuclear iraniano.

Um comentário:

Frodo Balseiro disse...

Daniel, infelizmente, quem manda na área no Irã, é o Aiatolá!
Uma teocracia com um simulacro de democracia, regida por ortodoxia religiosa, só muda, se mudar o regime.
Moussavi pouco poderia fazer...